Suicídio – Porque eu preciso saber sobre prevenção e importância?

A discussão entorno do suicídio tem se espalhado cada vez mais por entre os mais distintos países do mundo como um problema de contornos internacionais e isso tem preocupado e alertado ainda mais os órgãos responsáveis pela saúde em âmbito mundial.

Conforme aponta o crescimento das estatísticas, ano após ano, tem-se que um maior número de pessoas atenta contra a própria vida, tendo cada uma delas motivos e causas diferentes, normalmente estando vinculadas a dificuldades psicológicas e a problemas de vida.

Em um contexto como esse, escrevemos para conscientizar e transmitir uma mensagem sobre o quanto a vida de pessoas sofrendo e pensando em cometer um suicídio é algo extremamente importante para nós. Essa dor tem cura, vai passar e nós queremos que as pessoas saibam disso.

Nosso maior sonho é te ajudar. Nós queremos que você saiba que não está sozinho nessa. Nós e todos que te amam estão juntos com você. Não tenha medo em compartilhar sua dor. Esse é o caminho pra que ela pare tanto de doer. Sua vida é muito especial, muito mesmo. E esse período dela vai passar. Estamos com você!

E se você precisar de ajuda nesse momento, nós deixamos algumas informações importantes no final do artigo. Lá você saberá onde procurar apoio e terá a indicação de lugares que poderão te acolher, tá bom? Você não está sozinho. Tenha calma e busque essa ajuda, tudo bem? Estamos com você.

A história conceitual do suicídio, por Émile Durkheim

Pensar o tema suicídio conceitualmente não é uma tarefa possível sem que se pense a respeito de Émile Durkheim. Durkheim é considerado o fundador da ciência que conhecemos hoje como Sociologia, e se tornou ao longo dos anos uma das principais referências mundiais a respeito do tema suicídio.

Durkheim baseava suas teorias na ideia de que alguns padrões e acontecimentos ocorridos em sociedade guiavam as pessoas segundo uma consciência coletiva compartilhada, que influenciaria diretamente no comportamento delas e, consequentemente, na forma como enxergariam a vida e o mundo.

A esses padrões e acontecimentos, Durkheim daria o nome de fatos sociais, entendendo que ocorreriam socialmente, como um fenômeno coletivo e influenciador, independentemente das manifestações individuais que qualquer pessoa poderia desenvolver.

Baseado nessas concepções sociológicas, Durkheim dá início a seus estudos sobre o suicídio. Em 1897, ele escreve seu famoso livro, “O Suicídio”, em que explica suas teorias e descreve seus entendimentos a respeito desse fenômeno. Daí em diante, sua obra torna-se um marco e se eterniza na história sobre o tema.

Pensando em sua teoria, Durkheim sustentava que o suicídio não era uma causa exclusivamente individual, mas que, na verdade, o suicídio tinha suas origens também em causas sociais, que deveriam ser observadas tanto quanto acontecimentos e elementos de origem individual.

Para Durkheim, o suicídio deveria ser explicado como uma questão social, que varia de acordo com a razão inversa do grau de interação social dos indivíduos com a sociedade, em que o elemento central seria a coesão social, e que quanto mais existisse coesão social, menor seriam as taxas de suicídio dentro dos grupos.

De acordo com essas considerações iniciais, Durkheim apresenta os quatro tipos de suicídio que observaria em meio a sociedade, apontando para suas causas sociais específicas e seus desdobramentos. Esses tipos seriam nomeados por ele como: suicídio egoísta; suicídio altruísta; suicídio anômico e suicídio fatalista.

Por suicídio egoísta, entende-se esse ato como um tipo de morte em que o indivíduo tiraria a própria vida em decorrência do enfraquecimento dos grupos sociais ao qual ele pertence, fossem eles grupos orientados por sua religião, sua família, seus amigos ou mesmo sua orientação política.

Quanto maior o seu afastamento e individuação perante os grupos sociais que produzem determinadas maneiras de agir, pensar e sentir capazes de manter a consciência coletiva acima da consciência individual, maior seria sua chance de cometer um suicídio (Almeida, 2018).

Por suicídio altruísta, enquanto algo inverso ao suicídio egoísta, Durkheim perceberia esse ato como um ato em que o indivíduo tiraria a própria vida ao sentir-se no dever moral de cometê-lo, como algo em prol do bem-estar de sua sociedade ou do grupo social no qual estaria inserido, fosse ele religioso ou advindo de uma outra origem.

Este, como informação complementar, seria o suicídio de menor ocorrência nas sociedades modernas, entendido que seria um tipo voltado a religiões antigas, sacrifícios militares, a culturas ancestrais e a princípios menos intensos e mais difíceis de serem encontrados na modernidade.

É interessante destacar que, apesar de se falar sobre um fenômeno coletivo, Durkheim nunca menosprezou os desejos e objetivos individuais imutáveis de cada um. O autor só entendia que, pensando nos estudos sobre sociologia, os sociólogos deveriam se ater aos elementos comuns entre as pessoas que poderiam cometer esse tipo de ato.

Voltando as explanações, Durkheim nos fala sobre um terceiro tipo: o suicídio anômico. Este, que seria o mais presente nas sociedades modernas, estaria vinculado a introdução de novos modos de vida baseados na sociedade industrial, que segundo ele, tiravam o poder de regulação e coesão social da sociedade e sua consciência coletiva.

A falta de cooperação social entre as pessoas, que cada vez mais adentrariam em um mundo de individualidades e trabalhos pouco interessados em fortalecer os grupos, estaria diretamente relacionado ao aumento dos suicídios na sociedade. A pouca regulação social em momentos de crise, por exemplo, daria margem a esse tipo de ato.

E por último, encerrando seus conceitos, estaria o suicídio fatalista. Nesses casos, ao contrário do que aconteceria nos suicídios anômicos, o excesso de regulamentação social e a falta de liberdades fundamentais do indivíduo seriam os elementos que levariam a esse ato.

Para eles, podemos citar exemplos de sociedades sob regimes totalitários, famílias extremamente rígidas e a escravidão, dadas as devidas proporções de coerção e da falta de liberdades.

Dados de importância e uma visão estatística do suicídio – OMS

Foi constatado pela Organização Mundial da Saúde (2014) que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos ao redor do mundo – algo referente a uma pessoa morta a cada 40 segundos. O dado torna-se ainda mais preocupante quando se tratam das tentativas, que em comparação com o número de mortes, acontecem 20 vezes mais.

Todo suicídio torna-se uma tragédia que afeta a família, a comunidade e países inteiros, deixando grandes efeitos colaterais prolongados, principalmente, sobre as pessoas que ficam para trás.

Se tratando de jovens entre 15 e 29 anos, tem-se que o suicídio acaba sendo a segunda maior causa de morte no mundo. Fazem parte dessa estatística pessoas economicamente ativas, com relativamente pouco tempo de vida e ainda com uma enorme perspectiva relacionada ao viver.

O suicídio é um fenômeno global, que afeta praticamente a todos os países do mundo, mas principalmente aos países de baixa e média renda, como demonstram os dados da OMS referentes ao ano de 2015, tendo essas localidades apresentado 78% desses casos.

Em escala global, o suicídio foi responsável por 1,4% de todas as mortes no mundo no mesmo ano, tendo sido ranqueado em 17° lugar dentre todas as causas de morte (OMS, 2015).

Ainda se faz relevante mencionar que há mais causas de morte por suicídio do que por mortes causadas em função da soma de baixas em guerras e homicídios no mundo, representando 56% do total de mortes (OMS, 2014).

O perfil aproximado de um suicídio e alguns fatores de risco

Enquanto o algo sério que representa, sabemos que o suicídio não acontece de um dia para o outro, que elementos diversos podem estar afetando a vida das pessoas que o planejam e que suas causas, tanto quanto esses elementos, normalmente são múltiplas e os casos demonstram isso.

No entanto, não é difícil conseguirmos perceber que alguns elementos em comum surgem para diferentes casos e que, diante dessas similaridades, é possível esboçar um um perfil para o suicídio que nos ajuda, ao menos de início, a entender algumas exibições antes de que se entre em detalhes da vida desses indivíduos.

Um grande exemplo disso são as dificuldades psicológicas, que aparecem bastante conectadas com tentativas de suicídio, em particular, quando se notam sentimentos intensos de tristeza, solidão e menosprezo na fala ou no histórico dessas pessoas, e que por tantas vezes passam a tomar conta de seus cotidianos.

A desordem psicológica de alguns acontecimentos, como exemplo, tendo um impacto muito intenso e negativo na vida daqueles que os sofrem, serviriam como a causa de momentos de crise e de altos níveis de estresse que também seriam flagrantes em diversos casos de tentativas e na frequência desses ocorridos.

Alguns outros exemplos, facilmente reconhecíveis em união aos citados acima, estariam presentes na aparente vivência de conflitos, de experiências traumáticas e de perdas vitais, que seriam elementos frequentemente associados a comportamentos que precederiam o ato de suicídio e também compartilhados por essas pessoas em alguma instância.

Um dado importante e eloquente para esse tópico diz respeito às altas taxas de suicídio entre grupos marginalizados e vulneráveis da sociedade, que estariam entre as maiores vítimas de discriminação e preconceito, como os refugiados e imigrantes, os indígenas, os LGBTQ+ e os ex-detentos, ou seja, permeando diferentes grupos.

Qualquer pessoa pode cometer um suicídio e esse é um fato absoluto, mas existem alguns elementos comuns, fatores de risco e estressores que sempre aparecem nos casos constatados e não constatados e que acabam fomentando esse esboço de um perfil do suicídio.

É importante, nesse sentido, termos consciência dele e estarmos atentos e preparados emocional e tecnicamente para lidarmos com algumas possíveis situações que giram entorno desse tema.

Sobre os fatores de risco em específico, organizamos alguns deles mas em estrutura de lista:

– Vivência de dificuldades psicológicas;

– Morte de uma pessoa querida;

– Traumas emocionais;

– Desemprego ou problemas financeiros;

– Histórico familiar de suicídio;

– Histórico de negligência ou abuso na infância;

– Conflitos internos por conta do envelhecimento;

– Término de relacionamentos;

– Conflitos internos por conta da orientação sexual ou identidade de gênero;

– Dependência de álcool e outras drogas

Convivendo com sentimentos suicidas e formas de prevenção ao suicídio

 Lidar com sentimentos suicidas e o desejo de tirar a própria vida pode ser algo que desperta medo não só para quem convive com eles, mas também para quem busca cuidar de quem os sente.

Entender como abordar esses sentimentos é um dos passos para que se ajude a vida da pessoa em sofrimento, mas entender e interpretar os próprios medos também é algo necessário para que esse relacionamento com o outro seja aberto, atencioso e alcance os objetivos esperados.

Will Hall, diante de sua experiência como alguém que vivenciou sentimentos suicidas e de sua vivência enquanto especialista em abordagens de redução de danos em saúde mental nos Estados Unidos, trouxe para o Brasil uma abordagem diferente das convencionais em relação a como responder a sentimentos suicidas.

Nessa abordagem, ouvir o outro é algo essencial; entender esses sentimentos não como uma anomalia, mas sim como uma experiência possível em nossas vidas, é algo essencial; e o entender de si mesmo em momentos delicados como os que envolvem o tema suicídio, também é algo essencial.

Qual a importância da escuta? Qual a importância em entender a trajetória e os contextos de vida do outro? Quão importante é ter confiança em si mesmo e conhecer suas próprias limitações? Controlar ou entender e ouvir? Qual a melhor opção?

Apresentaremos orientações que moldam essa abordagem humana, que coloca as pessoas no centro do relacionamento construído. E para os profissionais e todas as pessoas que lidam ou poderão lidar com outras pessoas precisando de ajuda em relação a sentimentos suicidas: existem formas humanas de se lidar com elas.

1) Algumas atitudes interiores possíveis para quem está ajudando pessoas convivendo com sentimentos suicidas

– Eu só posso fazer o meu melhor; sempre existirão limites que eu não posso ultrapassar; eu sei meu papel.

– Eu não sou a causa do resgate ou da salvação de uma pessoa. Ninguém sabe ao certo o que leva à salvação.

– Eu não sou a causa de alguém não ser salvo também. Ninguém sabe ao certo o que não leva à salvação.

– Eu sou livre para ajudar, mas também sou livre para me afastar conforme seja o melhor para mim.

– Eu cuido de mim em primeiro lugar para depois oferecer minha ajuda de forma afetuosa, segura e aberta.

– Eu estou conectado com o meu corpo. Eu estou conectado com meus ancestrais. Eu estou conectado com a minha bondade.

2) Algumas maneiras possíveis de se ouvir a pessoas convivendo com sentimentos suicidas

– Busque consentimento para falar e não assuma antes disso que você pode.

– Crie espaço, tempo e foco.

– Use muito o silêncio. Escute todo seu corpo, esteja atendo a sua linguagem corporal nesse contato.

– Escute. Suspenda seus julgamentos e evite conselhos. Acredite que somente ouvir ajuda essa pessoa.

– Escute com curiosidade. Faça perguntas abertas.

– Ofereça escolhas relacionadas ao bem estar e ao conforto dessa pessoa. Pergunte se ela quer água, algo para comer.

– Se afaste de temas e linguagens limitadas sobre o suicídio.

– Se afaste da linguagem clínica e se aproxime da rica história de vida da pessoa.

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– Gentilmente, encoraje ela a sentir seu próprio corpo e suas emoções.

– Pergunte com curiosidade para que você possa se colocar no lugar de quem sente os sentimentos suicidas.

– Pergunte cuidadosamente antes de dar um abraço, segurar a mão ou confortar a pessoa com sua mão nos ombros ou nas costas dela.

– Esteja atento ao conflito: uma parte quer morrer, mas a outra parte não quer morrer.

– Esteja atento a necessidade desesperada de mudança. O que na vida dessa pessoa realmente precisa morrer?

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– Explore para que a esperança de que se encontre o poder para essa mudança possa ser encontrada

– Peça um retorno/feedback, pergunte sobre o que ajudou essa pessoa e foi proveitoso na maneira como você a ouviu.

3) Algumas maneiras possíveis de se responder/reagir a pessoas convivendo com sentimentos suicidas

– Paciência. Não entre em pânico. Não pressione essa pessoa. Seja aberta.

– Escute. Pergunte. Existem sentimentos suicidas em você? O que aconteceu?

– Valide os sentimentos da pessoa, mas sem julgamentos. Entenda o porque eles fazem sentido, como é ser essa pessoa. Escute mais.

– Se afaste da linguagem clínica e se aproxime de uma linguagem que valorize a vida dessa pessoa. Escute, escute e escute. Escute mais. Dê espaço, esteja em silêncio e totalmente presente. Escute a pessoa.

– Nomeie o conflito: “eu não acho que você inteira(o) queira morrer, eu acho que parte de você____”.

– Entenda essa experiência como uma necessidade desesperada de mudança e um sentimento de pouco poder para conquistar isso.

– Encontre os significados dos sentimentos; que parte precisa morrer/mudar: “é claro que uma parte de você quer morrer, isso faria sentido se ____ isso não mudar. Mas talvez isso possa mudar”.

– Valide o direito de se suicidar, de morrer com escolhas e dignidade. Mas somente quando a pessoa não está em conflito ou isolada: “eu estou aberta(o) ao suicídio, mas vamos discutir mais sobre a sua situação”.

– Seja humano e se aproxime da pessoa, largue seu papel institucional: “eu ficaria triste, sentiria sua falta, eu me importo com você”.

– “Mesmo que você não se importe mais com a sua vida, e a dor que isso causaria aos outros?”.

– Conecte-a com pessoas que se importam com ela, com motivos para continuar vivendo; as pessoas precisam dela.

– Não prometa que as coisas vão melhorar, mas se negue a aceitar que é impossível que elas melhorem de verdade.

– Prometa que você ajudará os esforços dessa pessoa para que a mudança aconteça.

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– Lembre a pessoa de que as coisas mudam, que elas já se sentiram melhor no passado e que o futuro é possível.

– “Você se sentiria melhor se ____?” O hospital é uma opção que deixaria essa pessoa mais segura? Informe sobre os riscos de estar em um hospital, os prós e os contras. Não se apresse com essa conversa. Respeite as escolhas. Busque as opções mais seguras.

– Algumas pessoas se sentem mais seguras e abertas se você assegurar para elas que você não as mandará para um hospital.

– Valide a pessoa e o seu valor, mas observe a resposta, pois essa validação pode originar sentimentos críticos nela.

– Encontre quem possa oferecer suporte a essa pessoa.

– Convide o grupo social (família/amigos) dessa pessoa para irem até uma sessão e terem uma discussão todos juntos.

– Garanta honestamente que eles não estão sendo um fardo, afirme que você tem bons limites, diga a eles que não há problema em entrar em contato com você quando necessário. “Faz parte do meu trabalho, eu me cuido, posso dizer não também”.

– Pergunte para a pessoa quando seu tempo estiver acabando: “tudo bem nós encerrarmos a sessão agora?”.

– Descubra se há agressões escondidas, permita que elas sejam expressadas verbalmente e por meio do corpo dessa pessoa.

– Seja criativa(o). Desenhe num papel a situação atual da pessoa. Explore os sonhos. Dramatize as dificuldades. Deixe que formas de expressão surjam.

– Ajude a pessoa a se conectar com grupos e fóruns de discussão online feito por pessoas convivendo ou conviventes de sentimentos suicidas.

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– Busque possíveis estressores e tente reduzi-los junto à pessoa.

– Tenha consciência e esteja alerta. Se as medidas já tentadas não funcionarem, tente outras.

– Saiba porque você trabalha com pessoas em crise. Se conecte com suas práticas espirituais e com seus ancestrais.

Os dados de suicídio no Brasil – Ministério da Saúde

Tendo como incentivo o setembro amarelo, mês de conscientização sobre a importância da prevenção ao suicídio que teve grande repercussão no país, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil em 21 de setembro de 2017.

Um dos alertas mencionados é a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de setenta anos. Nessa faixa etária, foi registrada média de 8,9 mortes por cada 100 mil idosos nos últimos seis anos. A média nacional é de 5,5 por 100 mil.

O objetivo principal desse diagnóstico foi orientar a expansão e qualificação da assistência em saúde mental no país. O ministério, com base nesses dados, lançaria uma agenda estratégica para atingir a meta da OMS de redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020.

As principais ações que se pretende estabelecer são a capacitação de profissionais, orientação para a população e jornalistas, a expansão da rede de assistência em saúde mental nas áreas de maior risco, o monitoramento anual dos casos no país e a criação de um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio.

O diagnóstico registrou entre 2011 e 2016, 62.804 mortes por suicídio, a maioria (62%) por enforcamento. Os homens concretizaram o ato mais do que as mulheres, correspondendo a 79% do total de óbitos registrados.

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Os solteiros, viúvos e divorciados, foram os que mais morreram por suicídio (60,4%). Na comparação entre raça/cor, a maior incidência é na população indígena. A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior (15,2) do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7).

Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é maior entre os homens, cuja taxa é de 9 mortes por 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o índice é quase quatro vezes menor (2,4 por 100 mil). Na população indígena, a faixa etária de 10 a 19 anos concentra 44,8% dos óbitos.

O documento apresenta ainda que, entre os anos de 2011 e 2016, ocorreram 48.204 tentativas de suicídio. Ao contrário da mortalidade, foram as mulheres que atentaram mais contra própria vida, 69% do total registrado. Entre elas, 1/3 fez isso mais de uma vez.

Por raça/cor, a população branca (53,2%) registrou maior taxa. Do total de tentativas no sexo masculino, 31,1% tinham entre 20 e 29 anos. Além disso, 58% dos homens e mulheres que tentaram suicídio utilizaram substâncias que provocaram envenenamento ou intoxicação.

Diante desses altos índices apresentados e de um cenário que é alarmante, os serviços de assistência psicossocial tem papel fundamental na prevenção ao suicídio. O Boletim apontou que nos locais onde existem Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio se reduz em até 14%.

Existem no país quase 2.500 CAPS e, no último ano, foram habilitadas 146 unidades, com custeio anual de R$ 69,5 milhões do Ministério da Saúde. A OMS também tem identificado a atuação da mídia em relação aos suicídios como uma área estratégica para ajudar a prevenir tais atos.

O estigma em relação ao tema suicídio impede a procura de ajuda, que pode evitar mortes. Da mesma forma, sabe-se que falar de forma responsável sobre o fenômeno do suicídio age muito mais como um fator de prevenção do que como fator de risco, podendo, inclusive, se contrapor a suas causas.

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Nesse sentido, falar sobre o tema sem qualquer tabu, enfrentando os estigmas inerentes a ele, bem como conscientizar e estimular a sua prevenção, pode contribuir para reverter a situação crítica que estamos vivendo.

Garantir a efetividade de medidas públicas passa pela construção de uma boa e efetiva política nacional que inclua a colaboração entre setores de níveis governamentais e não governamentais da saúde e de outros como os da educação, do trabalho, da agricultura, do trabalho, da justiça e da mídia.

Estes esforços devem ser integrados, de forma que se entenda que apenas um deles sozinho não será capaz de ter o impacto que desejamos em uma questão tão complexa como quanto a dos suicídios.

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A escuta atenta e a prevenção antecipada devem ser, assim como o monitoramento e a vigilância das estatísticas, componentes principais de toda e qualquer estratégia a ser desenvolvida nesse sentido.

Fonte dos dados: Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde – Brasil

Onde buscar ajuda em casos de emergência e risco eminente ao suicídio?

– Familiares e amigos: conte o que está acontecendo!

– CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)

– Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita)

– CENAT: pietronavarro96@hotmail.com

O CVV – Centro de Valorização da Vida – realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e vídeo – 24 horas todos os dias.

A ligação para o  CVV acontece em parceria com o SUS, por meio do número 188. São gratuitas por meio de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar o site www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre a ligação gratuita.


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4 Comentários


  1. Bom dia, Cristiane! Tudo bem com você?

    Seu comentário fez nosso dia, algo muito feliz de se ouvir. Que sua filha tenha uma vida linda e próspera, assim como você também. Quanto ao participar de alguma palestra, entre em contato com a gente! Será um prazer recebe-las!

    Responder

  2. Parabéns pelo tema suicicio, O tema muito importante, essa informação sao importante para população Parabéns.

    Responder

  3. Ola, muito elucidativa sua matéria sobre suicídio. No entanto percebi que não tem uma linha falando sobre a medicação psiquiátrica que é dada a cada vez mais pessoas.
    Essas medicações tem efeitos adversos relatados na própria bula e um deles é o suicídio ou a ideação suicida, principalmente entre jovens. Não lhe chama atenção que o número de suicídios aumenta em proporção direta com o aumento da prescrição de antidepressivos e antipsicóticos?
    Acho impressionante como isso nunca é mencionado em matérias e artigos sobre a enorme epidemia de suicídios que está ocorrendo.

    Responder

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