Ouvir vozes em si nem sempre é Sintoma de uma Doença

Assim como acontece com outras questões que envolvem a saúde mental das pessoas, o ouvir de vozes também se tornou um sinônimo de estigma social, visto que aquele que se autodeclarar um ouvidor, logo pode ser taxado como louco.

Mas, na realidade, nenhum caso pode ou deve ser tratado dessa forma. Aquilo que se vem mostrando, com o tempo e estudos diversos, é que existe uma nova forma de se pensar a experiência de se ouvir vozes.

Grupos de pesquisadores e instituições que tratam sobre o tema, têm unido esforços em função da desconstrução dessa ideia de que ouvidores de vozes são, por exemplo, em alguma instância, esquizofrênicos.

Baseados na concepção de que as vozes, na realidade, dizem alguma coisa sobre aquele que as ouve, esse movimento mundial lida com o entendimento de suas mensagens, visa trazer autonomia para essas pessoas diante daquilo que experienciam, e é sobre esse universo que iremos falar hoje.

Ouvir vozes em si nem sempre é um sintoma da Esquizofrenia

Estima-se, em um estudo exibido pela rede internacional de ouvidores de vozes em 2017, a INTERVOICE, que em torno de 2 a 4% da população mundial ouve vozes.

Estima-se também que apenas uma em cada três dessas pessoas se torna um paciente psiquiátrico, tendo em vista que as outras duas teriam condições de lidar bem com suas experiências e de maneira tranquila (INTERVOICE, 2017).

Segundo essas instituições e profissionais vinculados à área da saúde mental que lida com o ouvir de vozes, a grande diferença que existe entre frequentadores de serviços de apoio a essas experiências e os não-frequentadores, é a diferente relação que esses dois grupos estabeleceram com as suas vozes.

A verdade por trás desse movimento em função das vozes é a necessidade que se tem, por parte daqueles que sofrem com elas e dos especialistas que os auxiliam, de que se perceba que as vozes, na verdade, carregam mensagens.

Como mensageiras que tem como seu principal objetivo mostrar para estas pessoas questões mais antigas, vividas e não resolvidas, na tentativa de se mudar essa situação.

Como ocorre com os traumas, as pessoas nem sempre absorvem de maneira ideal o acontecido, e o reflexo disso pode se dar de diversas formas, como também pode ocorrer na forma de vozes; vozes que deprimem; que tiram a capacidade de viver do indivíduo.

A patologização das vozes tornou-se algo comum na medicina psiquiátrica do Ocidente.

Nessas condições, as chances de se receber um diagnóstico como esquizofrênico indo a uma consulta psiquiátrica é de 80% (INTERVOICE, 2017), tendo em vista a possível similitude sintomática que pode ter o ouvir vozes com um quadro de esquizofrenia.

Quem lida com esse tipo de experiência precisa de apoio.

A questão fundamental, e que precisa ser observada, é como as manifestações mentais por meio das vozes se desenvolveram no indivíduo; qual conexão elas tem com as suas experiências passadas.

Muitos dos enganos que envolvem essas pessoas podem ser resolvidos por esse caminho.

Em uma pesquisa desenvolvida por quatro anos com crianças ouvidoras de vozes, Sandra Escher, doutora em psiquiatria social pela Universidade de Maastricht, na Holanda, fez de sua tese uma prova disso.

Após acompanha-las durante o período, Sandra (2013) assinalou que 64% das 82 crianças observadas não apresentavam mais suas vozes, entendido que com o tempo teriam aprendido a lidar melhor com suas emoções, diminuindo suas cargas de estresse.

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Assim como tem sido feito por  muitos grupos e instituições vinculadas aos indivíduos ouvidores de vozes, ensinando estes a lidar melhor com a sua própria experiência e levando a eles autonomia diante daquilo que vivem, um esforço cada vez maior deveria ser feito para que esse estigma social fosse desconstruído progressivamente.

Dessa maneira, os diagnósticos se tornariam ainda mais precisos, a proteção àqueles que eventualmente sofrem por conta das vozes seria maior, e estes ficariam mais próximos do auxilio correto e necessário do que estão nos dias de hoje.

Você pode ouvir vozes e ser saudável: uma breve historia sobre a Intervoice

Pra quem não a conhece, a Intervoice é uma das maiores instituições responsáveis por cuidar de pessoas ouvidoras de vozes no mundo hoje.

Desenvolveu-se na Europa no fim da década de 80, sob a experiência do psiquiatra Marius Romme, que se baseando em uma nova metodologia de cuidado com o indivíduo ouvidor, fundou a instituição.

Tudo começou em 1987, quando Marius passou a conviver com a frequentadora de seu consultório psiquiátrico, Patsy Hage.

Um dia, em uma conversa entre os dois, Patsy lhe fez uma pergunta que o faria pensar e teria como desfecho a mudança de toda sua concepção do que exatamente era a experiência de se ouvir vozes.

A pergunta consistia na ideia de que se Marius acreditava em um Deus que nunca teria visto ou ouvido, porque este não poderia acreditar nas vozes que ela, Patsy, realmente ouvia e que faziam morada em sua cabeça.

Esse teria sido o fator inicial de uma abordagem que vem dando resultados até hoje, a saber, a de se ouvir o que o indivíduo tem a dizer sobre suas vozes, e percebe-las como uma experiência a ser entendida pelo médico e o próprio indivíduo, ao invés de taxa-la diretamente como parte de um distúrbio grave como é a esquizofrenia.

Em entrevista, Marius ressaltou que:

“Foi Patsy Hage quem deixou claro para mim que a abordagem psiquiátrica não tinha sido muito útil. Porque, como um clínico tradicionalmente treinado, eu só estava interessado em sua experiência de audição de voz, na medida em que diz respeito às características de uma alucinação, a fim de construir um diagnóstico em combinação com outros sintomas.

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Mas ela estava interessada nas vozes e no poder que exerciam sobre ela; no estresse que ela experimentava; naquilo que lhe diziam”.

Foi então que, a fim de romper as barreiras sociais existentes entre os próprios ouvidores, Marius resolveu organizar reuniões entre os ouvidores de vozes frequentadores de seu consultório, com o objetivo de deixar com que eles trocassem experiências sobre ouvir vozes, como lidavam com elas, dentre outras coisas.

Marius conta que todos ficaram extremamente entusiasmados.

Dali em diante, o pesquisador holandês percebeu que esse movimento apenas tenderia a crescer, e com a ajuda de Patsy e outros pesquisadores, fundou a Intervoice.

A Instituição até hoje tem como objetivo principal incentivar uma discussão mais ampla, com o intuito de mudar a atitude da sociedade frente a vivencia de se ouvir vozes e a maneira como os ouvintes são tratados pela medicina e, especialmente, pelos psiquiatras.

Marius Romme e Sandra Escher

Hoje, a principal cede da instituição se localiza na Inglaterra, e tem em sua história a participação direta de Marius, que entrando em contato com seu amigo e então co-fundador da instituição em território britânico, Paul Baker, levou sua ideia de mudar a forma como a sociedade e a psiquiatria olham para os indivíduos ouvidores de vozes para além das fronteiras de seu país.

Paul, em texto de sua autoria, ressalta a trajetória do movimento até aqui e sua importância para o reconhecimento da autonomia dos indivíduos ouvidores diante de sua própria experiência:

“Talvez estejamos chegando lá. Uma maneira diferente de pensar sobre as vozes e uma nova forma de ajudar as pessoas que lidam com elas está sendo desenvolvida. Uma jornada que continua até hoje.

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Tudo isso faz parte de uma mudança que reconhece que as pessoas que ouvem vozes são os peritos da sua própria experiência, que estão em melhor posição para entender o que esta experiência significa e o que realmente tem o poder de ajudar.”

Com o apoio dessa rede em todo o mundo e, especialmente, dos ouvintes, alguns dos quais passaram longos períodos de tempo em atendimentos psiquiátricos, hoje, recuperam-se vidas, fazendo com que pessoas que antes sofriam com suas vozes, agora sejam capazes de dizer que as ouvem, que assim mesmo vivem tranquilos e que as aceitam como parte de si mesmos.

O sentido das vozes e o caminho para aprender a lidar com elas

De acordo com a apostila de orientação escrita por Paul Baker em função de seu minicurso dado no Brasil sobre como lidar com o ouvir de vozes, existe uma forte relação entre a história do indivíduo, as vozes que este ouve e a maneira como este é capaz de lidar com elas.

Na medida em que os próprios ouvidores relatam elementos indicadores desta relação, como sua identidade, sua história, as características de suas vozes e o teor daquilo que escutam, fica mais simples de se observar o sentido que estas vozes têm para a sua vida e para a vida de pessoas próximas a eles, como seus familiares, que conseguem entender a recorrência de alguns conteúdos exibidos pelas vozes.

Em um processo de entrevistas/conversas, busca-se construir o mapeamento de alguns aspectos da existência desse indivíduo, o acessar dos possíveis gatilhos para as suas vozes e a sua cronologia, que faz referencia a sequência de suas aparições, visto que algumas vezes os ouvidores relatam o ouvir de mais de uma voz e em momentos distintos.

Resumidamente, pensam em conjunto, profissional e ouvidor, com o objetivo de alcançar aquilo que Paul nomeia como “constructo”, que nada mais seria do que aquilo que serve como a estrutura/alicerce das vozes ou, aquilo que elas querem representar quando dialogam com o indivíduo.

Por meio disso, descobre-se outro elemento fundamental da análise: o código a ser quebrado.

Realizado todo esse processo, sua ultima etapa consiste em quebrar o código estabelecido pelas vozes do indivíduo, de maneira que este, sempre em conjunto com o profissional que o acompanha, possa enxergar a origem de suas vozes; o porquê de seu conteúdo; e entender qual poderá ser a melhor forma para se lidar com elas dali em diante.

Mas a ideia aqui também não consiste em fazer tudo de forma solitária, entendido que o envolvimento de familiares, amigos e entes queridos se faz fundamental para o fortalecimento da esperança, do apoio e do novo sentido de vida que fora construído pelo indivíduo.

Trabalhar em si mesmo, em sua autoestima e autoconfiança, fazendo escolhas e se tornando o responsável por suas próprias decisões sem o advento negativo das vozes, mas sim se apropriando de sua experiência auditiva como outros exemplos o fazem.


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21 Comentários


  1. As vozes que se ouve, não tem nada haver com algum tipo de mediunidade?

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    1. Boa tarde, Luis!

      e se pensarmos em termos espíritas, pode ter. As variáveis existem, mas o que se sabe é que está experiência – de ouvir vozes – acontece e é real para todos que as escutam.

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  2. Trnho um irmao e meu pai que ouvi vozes, trnho interesse em saber mais do assunto. Pois é um sofrimento p eles e nós também que sofremosem ve los nessa augustia, elas escutam vozes que os ofendem.

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  3. Eu tive uma experiencia ruim com estas vozes. Eu abordei errado quando comecei a escutar vozes, meu pai já escutava ha um tempo e eu seguir ele, só que tinha uns vizinhos meio errado onde eu moravaa, foi rápido e menos de um mês já perdi a esperança de viver. Faz nove anos que eu sofro. Agora eu acho que ouço vozes mas sempre quem falou ou eu falei foram com pessoas reais, mas crianças.

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    1. Olá Daniel, obrigado pelo relato da sua história. Você não está sozinho os grupos de ouvidores de vozes pode te ajudar em relação a essa experiencia trocando vivencias.

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      1. Eu escuto vozes a quase 8 anos, no começo foi bem difícil lidar com elas quase enlouqueci, mas voltei a me aproximar de Deus, ainda porém não sofro mas como antes e um tormento sim pra quem escuta, mas se voltar pra Jesus foi minha melhor escolha pois hoje em dia consigo lidar com as vozes e elas falam direto mas não tem mas domínio sobre mim e meus pagamentos Deus tem me ajudado.

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        1. Tb ouço…as vezes.
          Muito ansiosa..perdi a mãe estou residindo sozinha com parentes perto.
          Tudo que está acontecendo mortes pandemia me colocam pra baixo.
          Estou indo de 3 em 3 meses na psiquiatra usando fluxotina de 10 fraco..agora com labirintite não é fácil.
          Desculpe o desabafo.
          Saúde e Paz 🙏 ..abraço

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        2. Boa noite,estava deitada no tapete da sala vendo tv e meu marido estava na cozinha ,eu ouvi a minha propria voz dizendo(pega o papel ai amor)😣achei q fosse coisa d minha cabeça mas logo em seguida meu marido chegou e perguntou (o q amor?)ai eu flei vc ouviu tbm ?! Eu acabei d ouvir a minha propria voz ele disse q ouviu eu pedindo pra ele pegar alguma coisa,foi a minha voz mas n foi eu q flei me assistei quando vi q ele tbm ouviu fiquei com muito medo e at agora tou assustada me ajudem😭tenho medo dessas coisas……foi a minha voz q eu ouvi,mas n foi eu q falei,💔

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          1. Foi a minha voz como s eu tivesse ouvindo eu msma,mas n em um audio ou uma ligaçao,como s tivesse eu msma em minha frente e tivesse flado


  4. Ouço vozes e elas me mostraram tudo o que tinha vivido. Tenho sonhos onde uma das pessoas esta sempre envolvida diretamente comigo e outras duas a acompanham como se a ajudassem. Sinto como se fossem boas pessoas, mais algumas vezes conseguem nao sei como me fazerem sentir dor e remédios que talvez tomem. Me vejo como se estivesse totalmente no meu melhor normal, quando não sinto forte o controle que tem sobre mim. Obrigada por existir algo que possa ajudar a todos nesta situação.

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  5. Bom dia! Como profissional de saúde mental como consigo auxiliar um ouvinte na fase inicial ( assustado, confuso e sob efeito de distâncias psicoativas) a identifica se está de fato ouvindo vozes, ou se são seus pensamentos prevalentes? E concretamente quais as principais características de cada um?

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  6. Eu não sei no que acreditam ou deixam de acreditar podem pensar que é algo normal ou não,podem até achar que é loucura eu não me importo ,mais eu sei o que eu ouço e o que eu vejo e eu não gosto disso isso me assusta, me dá medo essa noite eu fiquei com muito medo de dormir por que sempre que eu fechava o olho eu conseguia escutar bem no ouvido torneira pingando o barulho era tão alto que eu me recusei a achar que era mesmo uma torneira pingando, acendi a luz e parou deitei novamente fechei os olhos e de novo no meu ouvido o mesmo barulho,acendi a lanterna do celular e nada parou de novo,na terceira vez fechei os olhos e eu estava começando a pegar no sono mais eu sei que eu estava acordada ainda então passou uma risada correndo por mim muito alta ,uma risada de uma criança que não era a minha filha nem teria como ser ela pois ela estava dormindo e era muito diferente a risada depois começou a sussurrar pelo quarto não parada mais sim pelo quarto todo ,uma única voz de uma criança eu levantei muito rápido com medo mesmo olhei pra todo lado em baixo das camas dentro do guarda roupa e nada,cheguei a imaginar que era a boneca que tava fazendo isso pois ela era a única que estava em cima do guarda roupa,então eu cubri a cabeça com muito medo é comecei a reepriender e a pedir a Deus para nós protejer e para me ajudar dormir pr que eu estava com medo ,então dormi e hoje conversei com meu pai e com minha mãe sobre o que estava acontecendo de novo, por que não era a primeira vez eu já até perdi as contas de tanta coisa que eu ouço que eu vejo e que eu recuso a acreditar eu não sei o por que disso eu só sei que eu não quero mais ver isso eu tenho medo principalmente quando estou sozinha eu prefiro não contar a todo mundo mais eu conto td que já passei a quem acredita.

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  7. Boa tarde!
    Muito interessante este texto, mas o Professor Paul Baacker me respondeu a pergunta sobre as questões de ouvir vozes ligada há algumas crenças ” de estar louco, com o espírito do mal – ‘demônio’, com questões espirituais”, a minha pergunta foir direcionada Como fazer para desmistificar estas crenças?

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  8. Minha esposa é ouvidara, por esse motivo gostaria de saber se a grupos de ouvidores online?
    Agradeço desde já!

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  9. Ouço atualmente com mais regularidade e mais nítido e quase sempre perguntas sobre algo que eu deveria saber sobre a espiritualidade divina essas vozes são desconhecidas para mim…. Agora com mais regularidades vozes de pessoas conhecidas de meu convívio falam comigo me alertando sobre algo ruim que pode estar para acontecer. Sinto que são pessoas que se importam e me pedem para eu nunca estar sozinha ou para sair de certos lugares. Acredito na espiritualidade e neste movimento externo que se comunica por telepatia. Seres evoluídos que nos cercam. Gostaria de participar de grupos de ouvintes online se algum puder me informar mais sobre.Agradeco

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  10. Famíliar está muito angustiado ouvindo voz e fazendo retrospectiva de sua vida toda. Não consegue livrar-se nenhum momento. Só dorme com medicação. Acorda e vem tudo de novo. Não sei como ajudar. Se puderem me informar a respeito agradeço.

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