Conhecendo os poderes da Meditação e suas aplicações na Saúde Mental

Embora a Meditação seja uma prática bastante antiga, muito difundida pelas filosofias orientais e praticada á muitos anos por monges e seus discípulos, sua incorporação, ao que diz respeito à medicina e a saúde mental do Ocidente, é algo também bastante recente.

Baseada em conceitos simples de respiração e concentração, a Meditação tem se popularizado no mundo, de forma que suas técnicas vêm sendo reconhecidas mesmo pela ciência, que já demonstra por meio de seus estudos a capacidade que tal prática tem, por exemplo, de ajudar no alívio e combate ao stress.

Tornar a pratica da meditação algo diário pode trazer muitos benefícios à sua saúde mental, e é exatamente isso que iremos mostrar a você.

As origens da Meditação

Historicamente, a Meditação tem sua origem específica pouco conhecida, visto que, como se tornou uma prática universal ao longo dos anos, indexada a diversas culturas e povos do mundo todo, suas raízes espalharam-se de forma a dificultar essa procura.

No entanto, com mais de 5000 anos estima-se, a meditação sempre esteve vinculada a religião, tendo ganhado um maior reconhecimento por meio do budismo, do hinduísmo e de sua prática em regiões da Índia, do Tibete e do continente asiático como um todo.

Os indianos teriam sido os primeiros a documentar esse tipo de prática milenar.

Butão

Vinculada sempre a imagem dos monges, dos padres e de outras figuras religiosas, a prática da meditação alcançou, nessa sua longa história, regiões como as da Grécia Antiga, sob a figura de filósofos e outros intelectuais praticantes; do Egito, como uma prática de alimentação espiritual dos faraós; e também da China, representada mais uma vez pelos monges.

Sua prática, como algo separado do ambiente estritamente religioso, se deu por volta do fim do século XX, sob a figura de estudiosos e especialistas, que viriam de outros continentes até as Américas com o intuito de espalhar seus conhecimentos sobre saúde mental, saúde física e meditação.

Foi o caso de Deepak Chopra, médico formado pela Universidade de Nova Deli, quando se estabeleceu nos Estados Unidos por volta da década de 90, dando seguimento ao que hoje é um habito comum de muitas pessoas.

A Meditação como ajuda no combate ao stress, a ansiedade e aos sintomas da depressão

Com a recente apropriação da meditação por parte da Medicina Ocidental e suas práticas vinculadas ao melhorar da saúde mental das pessoas, pesquisas começaram a ser feitas ao longo dos últimos 10 anos com o objetivo de observar mais detalhadamente os efeitos que a prática da meditação possuía sobre aqueles que a realizavam constantemente.

Uma das grandes descobertas da ciência foi a de que a Meditação tem o incrível poder de ajudar no controle e no combate a problemas comuns enfrentados pelas pessoas nos dias de hoje, como o stress, a depressão e os malefícios causados pela ansiedade.

Um estudo realizado pela doutora Débora Dell´Aglio em 2009, Professora da pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, constatou que a técnica da meditação em si:

“É capaz de gerar uma série de respostas físicas e psicológicas que podem auxiliar na prevenção de inúmeras condições, especialmente aquelas resultantes dos efeitos deletérios do stress, no manejo de problemas de saúde já estabelecidos, assim como na promoção da saúde mental”.

Como técnica baseada nos conceitos de relaxamento e concentração, a meditação busca a auto regulação do corpo e da mente.

Aliviando a maneira intensa com a qual o sistema nervoso está acostumado a trabalhar, estudos comprovaram que a Meditação tem a capacidade de alterar a plasticidade cerebral, de forma a mudar a maneira como o cérebro responde aos estímulos do stress e da ansiedade, afetando também, de maneira positiva, os sintomas da depressão.

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Tratando sobre as dificuldades de concentração, uma pesquisa realizada pela Professora e Neurocientista da Escola de Medicina de Harvard, Sara Lazar, comparou a espessura do córtex cerebral de meditadores experientes com as de um grupo controle, em 2005.

Ela encontrou uma diferença significativa e impressionante nas regiões relacionadas à sustentação da atenção e do foco entre os dois grupos, em que a espessura dos praticantes mais experientes teria sido constatada como maior em comparação com a espessura das outras pessoas.

Em sua palestra para o canal TED Talks, Sara elenca alguns benefícios cientificamente comprovados e possíveis de serem obtidos por meio da Meditação constante. Separamos alguns deles nessa lista:

A lista de benefícios:

1) Diminuição dos níveis de stress

2)   Redução de sintomas depressivos

3)   Redução dos níveis de ansiedade

4)   Redução dos riscos de se desenvolver problemas cardiovasculares

5)   Combate à insônia e sono interrompido

6)   Aumento na qualidade de vida

Estudos ainda se desenvolvem a respeito da Meditação, mas seus benefícios para a saúde física e mental de seus praticantes tem se tornado cada vez mais evidentes.

As aplicações práticas da Meditação nos serviços de saúde mental

Em 2006, o Ministério da Saúde, por meio de um projeto nomeado como Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), instituiu ao SUS (Sistema Único de Saúde) o oferecimento de terapias e práticas alternativas que, desde então, vem sendo integradas aos grandes centros de saúde dos municípios, como formas não convencionais de se alcançar tanto a saúde física, quanto a saúde mental.

Baseando-se em estudos científicos, muitos centros aderiram às novas práticas, fazendo uso delas como formas complementares aos tratamentos convencionais de muitos dos frequentadores da rede.

Um exemplo de sucesso na aplicação das novas práticas tem se dado na cidade de Arujá, no interior de São Paulo, em que a Meditação tornou-se uma nova ferramenta para os frequentadores do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) da cidade, que em busca da melhora de seus quadros, apropriaram-se da prática como outra forma de auxílio a sua própria saúde mental.

Outro programa que também tem dado muito certo, aplicando novas abordagens terapêuticas com o mesmo propósito, é o que tem sido desenvolvido pelo Ambulatório de Promoção da Saúde do Centro Mente Aberta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Voltado para os usuários do SUS, o programa tem como um de seus objetivos ensinar o estilo de Meditação Mindfulness (atenção plena) aos frequentadores, visando transmitir a eles uma maior autonomia e autoconhecimento sobre si mesmos por meio da prática, que consiste em foco, concentração, percepção de si e do ambiente.

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Difundida nos Estados Unidos por um dos fundadores do centro zen da Universidade de Cambridge e também Professor de Medicina da Universidade de Massachusetts, Jon Kabat-Zinn, o estilo de Meditação Mindfulness teria sido incorporado por ele aos programas de tratamentos de pacientes com transtornos mentais com o objetivo de auxilia-los em sua melhora.

Tudo isso abriu portas para a meditação como algo a ser estudado e utilizado, tendo em vista sua eficácia comprovada.

Hoje, vemos centros especializados em meditação e em outras práticas alternativas aos montes, tanto no Brasil como no mundo.

É uma área da Medicina Espiritual, Mental e Física que exponencialmente só tem crescido e se integrado a outros métodos.

Como meditar em 5 passos

A beleza e simplicidade da Meditação é que ela não precisa de nenhum equipamento para ser feita.

Tudo que ela requer é um espaço tranquilo, aonde você possa se concentrar, e alguns minutos por dia.

Especialistas recomendam, para aqueles que são iniciantes, de 5 a 10 minutos por dia, com a certeza de um início promissor.

Com um pouco de disciplina e alguns minutos do dia a dia, em uma semana de Meditação você já consegue perceber seus efeitos.

Os 5 passos para você começar meditar:

1) Escolha um lugar do seu gosto para meditar e ser o seu local de prática.

2) Sente-se confortavelmente em uma almofada, no chão ou em uma cadeira, sempre mantendo as costas eretas para uma boa respiração.

3) Feche seus olhos e, respire. Respire devagar, calmamente (…) se concentrando em sua própria respiração, e retornando a ela sempre que sua mente escapar de si mesmo.

4) Progressivamente, foque em sua percepção do ambiente; passe para a percepção do seu corpo, dos toques dele com as superfícies; perceba-o no lugar onde você está.

5) Esteja presente e conectado com a Meditação, a aquilo que você está fazendo no agora.


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10 Comentários


  1. Gostei muito da matéria e sugiro um próximo post sobre mindfulness e sua aplicabilidade nas terapias comunitárias da PNPIC.

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    1. Olá Fabiana! E muito obrigado pela sugestão e elogio!

      Temos um cronograma pré-definido para seguir, mas com certeza colocaremos sua ideia em pauta, já que o mesmo é flexível e quer sempre atender a vontade de vocês leitores.

      Uma bom final de semana pra você!

      Responder

  2. Olá Pietro!
    Que postagem maravilhosa, hein?
    Muito enriquecedora, e fácil aplicabilidade. Você está de parabéns!
    Grande abraço.

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  3. Boa noite,
    Adorei a matéria e sem dúvidas uma ótima proposta p inicio de qualquer atividade, hoje mesmo apliquei a tecnica da respiração e tres sequencias de identificação corporal/propriocepção na cadeira, para um grupo de idosas religiosas.
    Parabéns pela continuação do trabalho e divulgação
    Grata
    Abraços

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    1. Oi Maribel!! E muito obrigado pelos elogios!!

      A prática da meditação tem um poder incrível mesmo. Se você quiser contar um pouco mais sobre seu trabalho com esse grupo de senhoras, somos todo ouvidos, entre em contato conosco; será um prazer conhecer!

      Um grande abraço e uma ótima semana pra você!!

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  4. Muito obrigada pelos excelentes conteúdos! O vosso trabalho é excelente!
    Abraço!
    Cláudia (Coimbra/Portugal)

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    1. Boa tarde, Cláudia!

      Nós que te agradecemos pelo carinho. Esperamos retribuir tudo isso, toda semana, com nossos conteúdos. Um grande abraço para você e toda a irmandade portuguesa!

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